sexta-feira, 25 de outubro de 2019

PRINCIPAL PATOLOGIA DAS GLANDULAS SALIVARES

Francisco Salvado e Silva
Ru Filho de Almeida 21 1º Piso
Lisboa
Tel. 21 9361150

(deve ser considerado, apenas, como texto de apoio as aulas de Cirurgia maxilo facial Instituto Superior Universitário Egas Moniz. Não inclui a totalidade da matéria lecionada)

   

     SIALOLITIASE
      Litíase das glândulas salivares.
      Mais frequente no sexo feminino entre os 30 e os 50 anos.
      Em 25% dos casos os cálculos são múltiplos podendo estar presentes no canal ou no corpo glandular.
      Podem ser radiopacos ou radiotransparentes.
      85% dos casos de cálculos salivares aparecem na glândula submaxilar.
      A presença de calculos obstrutivos implica a total ou parcial interrupção canalicular com ectasia e estase salivar.
      A estase salivar é predisponente a infecção das glândulas salivares (sialoadenite).

      SIALOLITIASE DA SUBMAXILAR
      Maior frequência:
     Maior concentração de cálcio na saliva.
     pH alcalino da saliva.
     Canal excretor muito longo.
     Canal excretor com 2 curvas (milohioideu e final antes da papila).
     Orifício de drenagem final muito estreito.
     Orifício de drenagem a um plano superior ao da glândula.
     Componente mucoso importante.
      Diagnóstico
     Quadro clínico.
     Radiografia simples.
     Radiografia oclusal.
     Ortopantomografia.
     Ecografia.
     Tac.
      Quadro clínico 
     Obstrução aguda durante as refeições com dor aguda.
     Aumento do volume glandular (+ durante as refeições).
     Melhoria gradual após as refeições.
     Cronicidade: atrofia glandular, infecções, ectasia dos canais.
     Na parótida a causa principal da Litíase é a infecção.
      Exames complementares
     Radiografia simples: cálculos radiopacos.
     Radiografia oclusal: cálculos radiopacos na porção anterior do canal de Wharton ou do Sténon.
     Ortopantomografia: cálculos radiopacos. 
     Ecografia. Cálculos do canal e intra glandulares.
     Tac: Cálculos do canal e intra glandulares.
       Terapêutica
      Depende: da duração dos sintomas, da frequência dos episódios, do tamanho do cálculo, da localização do cálculo (anterior ou posterior).
      Localização anterior: sialolitotomia com marsupialização do canal.
      Localização posterior: submaxilectomia, parotidectomia.
      Nos cálculos sublinguais está indicada a excisão total da glândula.

       MUCOCELO
      Retenção ou extravasamento de muco.
      Traumatismo local ou microlitiase.
      Produção de saliva com acumulação de saliva intratecidular e formação de pseudoquisto.
      ++ No lábio inferior.
      Terapêutica: vigilância.
                                               Excisão do mucocelo e da glândula.

     RÂNULA
Mucocelo da glândula sublingual.
      D.D. Quisto do canal de Wharton.
                           : Quisto dermóide do pavimento. 
      Tipos: Rânula simples.
                            : Rânula mergulhante.
      Q.C. Elevação azulada do pavimento.
                          : Flutuação de tamanho variável.
      Terapêutica: Marsupialização ou excisão com a glândula.
       
           SIALADENITES
Inflamação das glândulas salivares.
                            Etiologia: não infecciosa.
                           : infecciosa.
      SIALADENITE INFECCIOSA
     Aguda / crónica.
     Etiologia: Estafilococos aureus, vírus, anaeróbios, fungos, micobactérias.
     Factores predisponentes:
      Submaxilar: obstrução do canal.
      Parótida: má nutrição, stress cirúrgico, desidratação, doença crónica, mau estado geral.

      SIALADENITE AGUDA
     Quadro clínico 
      Mais frequente na parótida bilateralmente.
      Aumento do volume glandular.
      Saliva espessa e purulenta.
      Eritema local.
      Febre e mal-estar geral.
      Dor agravada durante a alimentação.
      Terapêutica
      Tratamento sintomático.
      Hidratação.
      Antibioterapia: cefalosporina,  oxacilina e dicloxacilina.
      Drenagem cirúrgica (em alguns casos).
      Excisão da glândula (quando há lesão irreversível da glândula).
       
              PAROTIDITE EPIDÉMICA· (Papeira)
      Paramixovirus.
      Aumento bilateral das parótidas com febre, cefaleias, calafrios e dor pré auricular bilateral.
      Incubação de 2 a 3 semanas.
      + Crianças de 6 a 8 anos.
      Complicações: meningite, pancreatite, nefrite, orquite, atrofia testicular e esterilidade. 
      Tratamento: sintomático. 

            SIALOMETAPLASIA NECROTISANTE 
      Doença reactiva não neoplásica que afecta as glândulas do palato.
      Etiologia: enfarte das glândulas salivares por traumatismo, anestesia local, tabaco,·              diabetes mellitus, doença vascular ou pressão protética.
      >23 <66 anos.="" span="">
      Q.C. Lesões de 1 a 4 cm ulceradas.
      Dolorosas ou não.
      Palato lateral e transição entre palato duro e mole.
      Mais frequentemente unilaterais.
       Síndrome prodrómico frequente. 
      D.D. Carcinoma.
      Terapêutica: Paliativa. Cura em 5 a 6 semanas.

            XEROSTOMIA
      Sensação de boca seca.
      Etiologia: Aplasia glandular.
                                                           Idade.
                                                             Tabaco.
                                                          Respiração bucal.
                                                               Radioterapia local.
                                                               Fármacos.
      MEDICAMENTOS E XEROSTOMIA
      Anti-histamínicos: Difenidramina.
      Descongestionantes: Pseudoefedrina. 
      Antidepressivos: Amitriptilina.
      Antipsicóticos: Derivados da fenotiazina.
                                    : Haloperidol.
      Antihipertensivos: Reserpina, metildopa, clorotiazida, furosemida.
      Anticolinérgicos: Atropina.
             COMPLICAÇÕES DA XEROSTOMIAex.candidiase e cáries de colo.
             TRATAMENTO: saliva artificial.
                                     : Estimulantes salivares.
                                     : Pilocarpina.
                                     : Visitas regulares ao dentista.
                                     : Flúor local

     SIALORREIA
      Definição: Aumento da salivação.
      Sialorreia  paroxistica  idiopática.
      Etiologia: Irritação local (ulcerações, trauma).
                            Uso de novas próteses.
                            Raiva.
                            Intoxicação por metais pesados.
                            Medicação com lítio ou adrenérgicos. 
      “DROOLING”
      Incompetência de retenção de saliva na cavidade oral.
      Muito frequente em casos de sindrome de Down, doenças neurológicas, mandibulectomia ou macroglossia.
      Complicações: alteração da vida social.
                                    : irritação dos tecidos peribucais.
      Terapêutica
      Só está indicado o tratamento quando se trata de uma situação crónica e irreversível.
      Anticolinérgicos, terapia da fala, e escopolamina subcutânea.
      Cirurgia: 
      Submaxilectomia com encerramento dos canais parotideos.
      Reposicionamento dos canais de Sténon e de Wharton (?).
      Neurectomia timpânica bilateral com 
                                    Secção da corda do tímpano.

     SINDROME DE MIKULICZ
      Aumento difuso de consistência elástica não doloroso (ou com dor suave) das glândulas parotideas unilateral ou bilateralmente com infiltração linfoepitelial.
      Média de 50 anos de idade.
      60 A 80% dos casos em mulheres.
      Diagnóstico Diferencial: Outras doenças infiltrativas.
      Tratamento: vigilância e/ou cirurgia com excisão glandular.

     SINDROME DE SJOGREN
      Primário: Xerostomia, conjuntivite e artrite.
      Secundário: Com quadro sistémico de doença auto-imune (artrite reumatóide).
      Etiologia: Alterações do sistema imunitário.
                             Doença hereditária? 
      Epidemiologia: 80% sexo feminino.
50   Anos de idade.
      Quadro clínico
      Lesões articulares, oculares, xerostomia.
      Ardor da mucosa oral, candidiase, disfagia, alterações do paladar, ulcerações orais, cáries de colo, aumento do volume das glândulas salivares (por vezes), mucosas e pele seca
      Linfadenopatia, Fenómeno de Raynaud, vasculite, neuropatias periféricas.
               Exames complementares
      Teste de Schrimer, Rosa Bengala .
      Sialografia: atrofia dos canais intra glandulares 
                               e sialectasia ( arvore de fruto). 
      Biópsia: É o exame mais importante.
      Biópsia das glândulas minor.
      Infiltração linfoepitelial com destruição acinar.
               Terapêutica
      Substituição lacrimal e salivar.
      Estimulantes salivares (pilocarpina e produtos sem açúcar).
      Não utilizar xerostomizantes.
      Terapêutica antifungica.
      Higiene oral e flúor local.
      Vigiar estado geral (incidência aumentada de linfomas).

TUMORES DAS GLANDULAS SALIVARES
      Benignos e malignos.
      Mais frequentes nas glândulas major.
      75 a 80% dos tumores das glândulas major são benignos ( <% na submaxilar ).
      50 a 55% dos tumores das glândulas minor são benignos.
      Parótida> Submaxilar> minor> Sublingual.
      O tumor mais frequente é o adenoma pleomórfico da parótida.
      O tumor maligno mais frequente é o carcinoma mucoepidermóide.

      TUMORES BENIGNOS
      Adenoma pleomórfico.
      Tumor de Warthin (adenolinfoma).
      Adenoma monomórfico.
      ADENOMA PLEOMÓRFICO
      Celularidade variável (células mioepiteliais e ductais) em variadas proporções.
      + No lobo superficial da parótida.
      > 30 <50 anos.="" span="">
      Q. C. Massa dura bem limitada, sem dor, crescimento lento, ausência de compressão nervosa, ulcerações da pele quando traumatismo.                   
      No palato é mais frequente no palato posterior, para mediano.
      Terapêutica
      Excisão completa com boa margem de segurança.
      Parótida: excisão do lobo do tumor.
      Submaxilar e sublingual: excisão completa da   glândula.
      Glândulas minor: excisão da glândula e do tecido mucoso e periósteo adjacente.
      Recorrência frequente.
      TUMOR DE WARTHIN
      É o segundo tumor mais frequente e aparece quase exclusivamente na parótida.
      + No sexo masculino (60 anos).
      Deriva de tecido glandular incluído nos gânglios linfáticos intra glandulares.
      Crescimento lento, duro, sem dor e nodular.
      Tratamento: excisão completa. 
                                                            Recorrência rara.
      ADENOMA MONOMÓRFICO
      Tumor muito raro.
      + Sexo masculino, 60 anos de idade.
      Tumor bem limitado.
      Apenas um tipo celular.
      Tratamento: excisão cirúrgica simples.
      Recorrência muito rara.
       
     TUMORES MALIGNOS
      Carcinoma mucoepidermóide.
      Adenocarcinoma.
      Carcinoma adenóide cístico.
      CARCINOMA MUCO EPIDERMÓIDE 
      È o tumor maligno mais frequente.
      10% de todos os tumores das glândulas major.
      20% de todos os tumores das glândulas minor.
      Idade média de 45 anos.
      Mais frequente no sexo masculino.
      Q.C. Massa submucosa, dura, ulcerada ou não, dolorosa ou não.
      Histologia: células mucosas, epidermóides e     intermediárias. 
      A indiferenciação piora o prognóstico.
      Tratamento: Excisão completa do tumor com a glândula seguida ou não de radioterapia. 
      Prognóstico: de 95% a 40% de curas conforme diferenciação.
                                       Os tumores da submaxilar têm pior prognóstico.
      ADENOCARCINOMA 
      É o segundo tumor maligno mais frequente.
      + Na transição do palato duro para o palato mole (glândulas minor).
      Masculino> feminino (3/1).
      Idade média de 56 anos.
      Q.C. Massa não dolorosa, crescimento muito lento, raramente ulcerado ou sangrante.
Metastização pouco frequente mas grau de malignidade local elevado.
      Tratamento: 
      Excisão cirúrgica alargada incluindo sempre os tecidos adjacentes.             
CARCINOMA ADENÓIDE CISTICO· (Cilindroma)
      É o terceiro tumor mais frequente.
      ++ Nas glândulas minor.
      ++ Na idade média da vida.
      Q.Q. massa mais ou menos bem limitada com crescimento muito lento mas com dor precoce.
      Tendência para invasão precoce dos tecidos nervosos.
      Destruição do osso adjacente.
      Tratamento: Cirurgia radical com ou sem radioterapia.
      Prognóstico: Recorrência frequente a longo prazo.
                                          Metástases para os ossos e pulmões.
                                          Sobrevivência de 20% aos 20 anos. 
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