sábado, 23 de março de 2019

DOR FACIAL ( DIAGNÓSTICO E ABORDAGEM TERAPEUTICA)

( Texto de apoio para aula da Pós Graduação em Dor da Universidade Católica Portuguesa - 2019)
Francisco Salvado e Silva
R. Fialho de Almeida 21, piso 1, Lisboa
Tel: 219361150

…. A sensação  a que chamamos dor é a mais complexa e diferente de todas as modalidades sensoriais…
          Wall  & Melzack, Textbook of Pain, 4th ed, 2000

DESCARTES ( SÉC. XVII)
Racionalismo Cartesiano
Estímulo periférico nóxico  
Impulso nervoso (hipófise) 
Geração de uma resposta motora de defesa

Diferentes Sensores Periféricos
Diferentes vias
Diferentes dores

Leriche (1879-1955) 
Beecher (1904-1976)
Incompatibilidade entre as lesões de vias nervosas e a sintomatologia.
Variação individual da percepção da dor. 

 David Livingstone (1813-1873)
SHERRINGTON (1932)
“The Integrative Action of the Nervous System”
SENSAÇÃO 
PERCEPÇÃO 
NOORDENBOS  1959
Cada célula do corno posterior da medula efectuaria múltiplas sinapses com outras células 
“…Within unknown limits everything synapses with everything else…”

A Teoria do “GATE CONTROL”
BONICA J.J. (1970s)
A estimulação eléctrica ou química ( opióides) da substância cinzenta periaqueductal induz uma profunda e selectiva analgesia que é abolida com naloxona.

MODELO MECÂNICO BIOMÉDICO
MODELO BIOPSICOSSOCIAL

DEFINIÇÃO
A dor é uma experiência emocional e sensorial desagradável, associada a danos teciduais existentes ou potenciais ou descrita em termos de tais danos…
 International Association for the Study of Pain
DOR FACIAL

Considerações emocionais
Considerações psicológicas

CONSIDERAÇÕES EMOCIONAIS 
Face:
Expressão 
Comunicação 
Gratificação

CONSIDERAÇÕES PSICOLÓGICAS 
Excesso de actividade
Ansiedade 
Medo
Raiva 
Depressão 
…….

REDES DE PERCEPÇÃO DA DOR FACIAL
Trigémio
Glossofaringeo
Vago
Rede cervical do simpático
Rede cervical do parassimpático

TRIGÉMIO
Fibras sensitivas:        
Ramo oftálmico
Ramo maxilar
Ramo mandibular
Fibras motoras: 
Músculos da mastigação

AURICULO TEMPORAL

GLOSSOFARINGEO  
Base da lingua.
Orofaringe posterior
Nasofaringe
Ouvido médio

CONEXÕES NEUROLÓGICAS FACIAIS 
Trigémio com rede cervical de C1, C2, C3, até C7.
Dor facial de etiologia cervical
Dor cervical por patologia facial
Glossofaringeo e trigémio     
Patologia intra oral com dor da ATM e auricular ( e vice / versa)

 DOR FACIAL ( classificação)

DIAGNÓSTICO DA DOR FACIAL (1)
História médica anterior:
Doenças sistémicas.
Medicação anterior.
Problemas neurológicos anteriores.
Problemas psiquiátricos.
Doenças do tecido conjuntivo.
Processos inflamatórios crónicos.
Traumatismos maxilofaciais.

DIAGNÓSTICO DA DOR FACIAL (2)
Diagnóstico do componente principal da queixa:
                        - Localização da dor.
                        - Tipo de dor
                        - Intensidade  da dor.
          - História e cronologia da dor.
                        - Sintomas associados.

PADRÕES DE IRRADIAÇÃO DA DOR
Patologia do olho: 
temporal e maxilar.
Patologia do ouvido: 
mandíbula,                           
orofaringea
área pós auricular.
Patologia dentária mandibular: 
ouvido.
Patologia nasal e paranasal: 
malar, temporal,
pré auricular 
supra orbitária.
Patologia cardiaca: 
mandíbula, pescoço.

DIAGNÓSTICO DA DOR FACIAL (3)
Exame objectivo:
Exame geral.
Exame da cabeça e pescoço.
Exame da cavidade oral e orgãos anexos
Exame dos pares cranianos.

EXAME GERAL
Postura

EXAME DE CABEÇA E PESCOÇO
Palpação muscular
Músculos mastigadores
Pesquisa de trigger points
Exame da articulação temporo mandibular

EXAME DA A.T.M.
Movimentos de abertura e encerramento da boca
Palpação da articulação
Auscultação da articulação

EXAME GERAL
Exame objectivo:
Exame geral.
Exame da cabeça e pescoço.
Exame da cavidade oral 
Exame dos pares cranianos.

Estomatologista
Caries dentárias
Recções peripaicais
Periodontopatia
Traumatismos de oclusão

DIAGNÓSTICO DA DOR FACIAL 
Exames complementares:
Radiologia convencional.
TAC.
RMN.
Electromiografia.
Testes de bloqueio nervoso.

PROTOCOLO PARA TESTES DE BLOQUEIO NERVOSO
INJECTAR 0,5 CC DE SORO FISIOLÓGICO NA ZONA DOLOROSA
(AGUARDAR SEMPRE 5 MINUTOS)
      ALIVIO                                           PERSISTENCIA
(PSICOGÉNICA)                                   INJECTAR 0,5CC DE LIDOCAINA 0,5%
                        ALIVIO                                     PERSISTENCIA
(TERAPÊUTICA DIRECTA)                   INJECTAR  0,5CC LIDOCAÍNA 2%
                        ALIVIO                                     PERSISTENCIA
(MUSCULO ESQUELÉTICA)                 REPETIR PROTOCOLO A PROXIMAL 
                        ALIVIO
(TERAPÊUTICA DIRECTA                                 PERSISTENCIA 
NO LOCAL)                              CONSIDERAR LESÃO DO SNC OU
                                                            DOR PSICOGÉNICA)    
INICIAR  SEMPRE  A  INFILTRAÇÃO DE  ANESTÉSICO  NA  ZONA  MAIS SUPERFICIAL,  PASSANDO  DEPOIS PARA  AS  ZONAS  MAIS  PROFUNDAS DEPENDENTES  DE  ZONAS NERVOSAS  MAIS  PROXIMAIS

ALGUMAS ORIGENS DE DOR FACIAL
Origem primária muscular.
Origem óssea.
Origem vascular.
Origem neurogénica.
Origem oftálmica.
Origem auricular.
Origem nasal ou paranasal.
Origem nas glândulas salivares.
Origem odontogénica.
Origem psicogénica.
Origem A.T.M.
Origem traumática
ALGUMAS ORIGENS DE DOR FACIAL
Origem primária muscular.
Origem óssea.
Origem vascular.
Origem neurogénica.
Origem oftálmica.
Origem auricular.
Origem nasal ou paranasal.
Origem nas glândulas salivares.
Origem odontogénica.
Origem psicogénica.
Origem A.T.M.
Origem traumática

DOR DE ORIGEM MUSCULAR
É a causa mais comum depois da odontogénica.
Componente psicofisiológica muito importante.
História de alterações emocionais, parafunções, traumatismos, alterações da oclusão.
Região da ATM, pré auricular, angulo mandibular.
Dor tipo opressão, podendo ter intensidade máxima matinal ou durante as refeições.
imitação da abertura, desvios de abertura e fecho, subluxação ou dificuldade de mastigação.
TERAPÊUTICA DA DOR MUSCULAR
Eliminar parafunções
Reeducação alimentar.
Tratamento oclusal.
Relaxamento e biofeedback.
Miorrelaxantes.
Infiltrações com anestésico.

DOR DE ORIGEM ÓSSEA
Osteomielite e outras infecções (sífilis, actinomicose, tuberculose).
Muito intensa, nas estruturas ósseas, constante. Localizada, acompanhada ou não de fistulas ou edemas.
Mais intensas quando originadas abaixo da linha de implantação do cabelo.
Com ou sem sintomatologia geral.
TERAPÊUTICA DA DOR DE ORIGEM ÓSSEA
Tratamento etiológico.
Tratamento paliativo.
Tratamento preventivo.

DOR NEUROGÉNICA
NEVRALGIA DO TRIGÉMIO:
Intensidade elevada, duração de segundos ou minutos.
Pode ser desencadeada por estimulação de trigger zone.
Confinada ao território de enervação do trigémio por norma unilateralmente.
Por norma sem deficits sensitivos ou motores.
Mais frequente na mulher na 6ª década.
Mais frequente à direita.
Tratamento: Carbamazepina, neurectomia cirúrgica ou química, termoneurólise, termogangliolise, descompressão microvascular da raiz nervosa.

DOR NEUROGÉNICA
NEVRALGIA DO TRIGÉMIO:
Despistar causas compressivas.
Despistar infecções associadas
Tratamento: 
Carbamazepina, 
Fenitoina
Gabapentina
Pregabalina
neurectomia cirúrgica ou química,    
termoneurólise, 
termogangliolise, 
descompressão microvascular da raiz nervosa.

DOR  COM  ORIGEM  NAS  GLANDULAS SALIVARES
Sialoadenites, sialoadenoses e sialolitiases.
Desencadeada ou agravada pelo estimulo alimentar.
As neoplasias apresentam sintomatologia tardia e com alterações neurológicas.

DOR  ODONTOGÉNICA
ESMALTE.
DENTINA.
DOENÇA PULPAR.
ABCESSO PERIAPICAl.
PERIODONTITE.
ALVEOLITES

DOR  POR  LESÃO  DO  ESMALTE
Não existe realmente dor do esmalte aparecendo por exposição da dentina.
Fissuras, desgastes e fracturas.

DOR  POR  LESÃO  DA  DENTINA
Dor aguda desencadeada pelo frio, quente ou alimentos frios.
Mantém-se com a permanência do estimulo.
Causas: 
Cáries dentárias.
Traumatismos.
Infiltração das obturações.

DOR  PULPAR
Idêntica à dor dentinária mas com duração para alem da retirada do estimulo.
Dor tipo moinha com duração prolongada que pode ser agravada por estímulos.
Aumenta durante a noite e melhora ao levantar.
Expontânea, muito intensa, duração curta e recidivante.

PERIODONTITE
Dor mantida com:
Inflamação local.
Inflamação regional.
Adenopatias.
Frequente a irradiação

DOR DA A.T.M.
Disfunção Temporo Mandibular
Percentagem da população com sinais:
   50 a 70%.
Percentagem da população com sintomas:
   20 a 25%.
Percentagem da população que procura o médico para tratamento: 
   3 a 4%

INCIDENCIA  POR  SEXO
1:1 para a prevalência de sintomas na população em geral.
5:1 mais prevalente no sexo feminino para a população que vai ao médico.
ETIOLOGIA
Multifatorial.
Factores predisponentes e factores desencadeantes.
Alterações psicológicas, para funções, oclusão, traumatismos...

SINDROME  DISFUNCIONAL DOLOROSO
 Dois ou mais dos seguintes sinais e/ou sintomas:
Dor a palpação na articulação.
Dor a palpação dos músculos.
Limitação ou desvio do movimento mandibular.
Ruídos articulares.
TRATAMENTO DA D.T.M.
TALKING MEDICINE !
OPÇÕES TERAPÊUTICAS
Aconselhamento.
Fisioterapia.
Farmacoterapia.
Analgésicos
Miorelaxantes
Antidepressivos
Splints e terapêutica oclusal
Artrocentese.
Cirurgia (Artroscópica ou não).
DOR  POR  TRAUMATISMO
.
PATOGENIA DA D.T.M. PÓS TRAUMA 
Efeito sobre os músculos :
Libertação de mediadores inflamatórios ( Ptg E2 e Leucotrienos B4)
Alteração do tempo de resposta muscular
Alteração da taxa de alongamento muscular
Factor de protecção anti doloroso
Alteração associada a outros traumatismos ( postura...)
PATOGENIA DO TRAUMA NA D.T.M.
Efeito sobre o disco e sinovial:
Alteração da distribuição de stress em carga.
 Diminuição do liquido sinovial.
Alteração do valor de fricção após trauma.
Efeitos inversamente proporcionais a espessura do disco
                                                                                               Nicckel J.C. et al., 2001
PATOGENIA DO TRAUMA NA D.T.M.
Efeito sobre a cartilagem, sinovial e tecido fibroso
Processo degenerativo
Hemorragia
Produção de mediadores inflamatórios: PGE2 e LTB4
                                                     
                                                 Yun and Kim; 2005

TRAUMATISMOS DA MANDIBULA
A D.T.M não está associado ao tratamento efectuado ( bloqueio ou sem bloqueio)
A situação clinica pode manter-se durante um tempo longo com queixas residuais 

GOLPE DE CHICOTE
Hipersensibilidade do sistema nervoso central por hiperexcitabilidsde da espinal medula.
Distensão exagerada dos músculos cranio faciais.
Luxação com redução do disco.
Factores emocionais associados

J Am Dent Assoc. 2007 Aug;138(8):1084-91.
Delayed temporomandibular joint pain and dysfunction induced by whiplash trauma: a controlled prospective study.
Salé H1, Isberg A.
A longo prazo o risco de DTM é cinco vezes maior quando existe história de “golpe de Chicote”
Mais frequente na mulher
Em 20% dos acidentados a queixa mais importante foi a dor na ATM
“Awareness of a significant risk for delayed onset of TMJ symptoms after whiplash trauma is crucial for making adequate diagnoses, prognoses and medicolegal decisions”

TERAPÊUTICA DA DTM AGUDA PÓS TRAUMATISMO
Conservadora.
Aconselhamento
Fisioterapia.
Manipulação .
Calor húmido 
Terapêutica  fisica.
Fármacos 
Analgésicos
miorelaxantes, 
AINE´s(?)
Terapêutica oclusal de relaxamento

CONCLUSÕES
DIAGNÓSTICO:
Definição correcta da dor.
História clinica completa.
Exames complementares adequados.
Discussão com o médico assistente.
TERAPÊUTICA:
Informação completa do doente.
Integração dos dados do diagnóstico.
Terapêutica etiológica.
Terapêutica paliativa.




sexta-feira, 15 de março de 2019

CANCRO ORAL : DIAGNÓSTICO PRECOCE

DIAGNÓSTICO DE CANCRO ORAL E BIOPSIA
FRancisco Salvado
( texto de apoio a aulas de cirurgia oral 2020 )


1.   DEFINIÇÃO DE CANCRO ORAL
Classificação Internacional de Doenças:
Conjunto de tumores malignos que afetam qualquer localização da cavidade oral
Conceito de tumor benigno: proliferação celular não regulada, mas sem invasão de tecido.
Conceito de tumor maligno: proliferação não regulada + invasão de tecido 

2.   LOCALIZAÇÃO MAIS FREQUENTE
++  orofaringe, na língua (ventro-laterais), e pavimento da boca
- -  gengiva, dorso da língua, palato, origem primária no osso.

3.   CLASSIFICAÇÃO
Os cancros são nomeados com base no seu tecido de origem:
Origem tecido epitelial: Carcinomas
Origem tecido mesenquimatoso: Sarcomas
Origem tecido hematopoiético: Leucemias, Linfomas, Discrasias de células plasmáticas

4.   MUCOSA ORAL
Constituição
3 camadas:
Epitélio
Lamina própria
Submucosa

Subtipos
3 Subtipos:
Mucosa de Revestimento: Epitélio pavimentoso estratificado não queratinizado 
Mucosa Mastigatória: Epitélio pavimentoso estratificado não queratinizado 
Mucosa especializada:  
4 tipos de papilas:
-      Fungiformes: Botões gustativos
-      Circunvaladas: Botões gustativos
-      Foliadas: Botões gustativos
-      Filiformes: queratinizadas
-       
Funções
Proteção: queratina
Defesa: tecido linfoide
Lubrificação e hidratação: saliva e mucinas
Gustação: botões gustativos
Barreira: impedindo passagem de microorganismos e materiais tóxicos 

5.   CARCINIOGÉNESE
Espontânea
Por exposição a carcinogéneos
Características carcinogénicas
Perda de controlo de proliferação 
Diferenciação celular 
Aquisição de capacidade de invasão do tecido 
Metástase 
Angiogénese 
Várias células sofrem evento genético iniciador

6.   EPIDEMIOLOGIA
6º mais frequente do Mundo; 
15º na Europa
Aumento de 25%
C. Orofaringe maior aumento

Incidência
/(2 a 3:1)
95%dos casos ocorre acima dos 40 anos (Média Dx: 60 anos)

Factor idade
Acúmulação de Mutações genéticas
Exposição a  iniciadores e promotores
Envelhecimento celular
↓atividade protetora s. imunitário

Prognóstico
            Mais de ½ dos diagnósticos são feitos nos estadios III e IV 
Tratamento complexo = Prognóstico reservado
            Sobrevida 5 anos <39 o:p="">

Factores de risco
Tabaco , álcool, tabaco + álcool , HPV ( duvidoso na cavidade oral confirmado na oro faringe)
Cálculo do consumo do álcool
Gramas de álcool = cc x graduação x 0,8 
                                            100
Risco :20 a 50 cc álcool/ dia

 “ …studies suggesting that trained professionals  are able to screen with a degree of accuracy similar to dental practitioners. ”
Ligne M et all; Critical evaluation of Diagnostic Aids for the detection of Oral Cancer; Oral Oncol.             
“Most dental hygienists place a high level of importance on oral cancer screening, are trained to screen for the cancers and are non-smokers themselves. However, only 53 percent do head and neck examinations on their patients”.
Oral cancer survey on dental hygienist’s role in catching cancer (2015) Oral Cancer Foundatio
8. DIAGNÓSTICO PRECOCE DO CANCRO ORAL
1. Conhecimento da anatomia da cavidade oral
2. Conhecimento da doença potencialmente maligna
3. História e Exame objectivo
4. Ajudas diagnósticas e Biópsia
5. Referenciação para Centro especializado

9.   CONCEITO DE DOENÇA POTENCIALMENTE MALIGNA DA CAVIDADE ORAL
Áreas da mucosa oral com perturbações morfológicas, não necessariamente macroscópicas, que apresentam um potencial acrescido de transformação maligna(Conceito de efeito de campo de cancerigenação)
Toda a mucosa da cabeça e pescoço, detentora da mesma informação genética,  encontrando-se exposta aos mesmos factores de risco, fica susceptível  de sofrer transformação displásica ou maligna em qualquer ponto
Mesmo nos casos de lesões muito localizadas, estas devem ser sempre enquadradas no conceito de doença potencialmente maligna, pois, mantem-se o risco de malignização em toda a mucosa. 
Prevalência d doença potencialmente maligna da cavidade orl é de 1-5%(++ Entre os 50-70 anos de vida. ++ mucosa jugal, seguida da gengiva, língua e pavimento da boca). 
As lesões são frequentemente assintomáticas e a taxa de transformação maligna varia conforme o tipo de doença potencialmente maligna 
diagnóstico precoce é a chave do tratamento e condiciona drasticamente a mortalidade e a morbilidade pós tratamento destes doentes.
A observação da cavidade oral e pescoço em todas as consultas das várias áreas da saúde poderia permitir um grande avanço na taxa de diagnósticos precoces

10.                PRINCIPAIS SINAIS

Ulceração oral que não cicatriza.
Mantida ou em crescimento.
Dura.
Dolorosa ou não.
Por vezes sangrante.
Única.
Ulceração oral que não cicatriza.

Lesão branca, pigmentada ou vermelha persistente.
      Duração superior a 15 dias 
      Não associada a traumatismo
      ERITROPLASIA(> 50% Carcinoma espino celular)

Dor persistente na cavidade oral ou no ouvido.

Massa persistente na região jugal.

Dificuldade na deglutição.

Aumento de volume da mandibula ou maxila.
      Sem causas infeciosas
      Consistência dura

Mobilidade dentária localizada sem causa aparente

Nódulos cervicais
      Com duração superior 15 dias
      Normalmente duros e não dolorosos

Perda de peso.

ERITROPLASIA
> 50% Carcinoma espino celular


11.                DIAGNÓSTICO PELA CLÍNICA

Importância do screening clínico

“...although no increase in survival was observed for the overall population, a significant increase in survival was seen among males with high risk habits, such as tobacco use…”
Ligne M et all; Critical evaluation of Diagnostic Aids for the detection of Oral Cancer; Oral Oncol. 2008 January; 44(1): 10-22
“…studies suggesting that trained health professionals  are able to screen with a degree of accuracy similar to dentists.”
Ligne M et all; Critical evaluation of Diagnostic Aids for the detection of Oral Cancer; Oral Oncol. 2008 January; 44(1): 10-22

                  
“Most dental hygienists place a high level of importance on oral cancer screening, are trained to screen for the cancers and are non-smokers themselves. However, only 53 percent do head and neck examinations on their patients”.
Oral cancer survey on dental hygienist’s role in catching cancer. Oral Cancer Foundation

 ” When compared to the 2003 dentist survey, dental hygienists’ cancer knowledge that related to the cause, appearance of and risk factors related to oral cancer was comparable to that of the general dentist”.
Oral cancer survey on dental hygienist’s role in catching cancer. Oral Cancer Foundation

EFICÁCIA DO EXAME Clínico
Sensibilidade* 85%
Especificidade** 95%
Downer MC et al, Oral Oncol 2004;40(3):264-73
*Proporção de doentes com a doença em que o exame é positivo
** Proporção de doentes sem a doença que são negativos no exame


12.                DIAGNÓSTICO POR MEIOS COMPLEMENTARES DE DIAGNÓSTICO

A.  AZUL DE TOLUIDINA
EFICÁCIA
Sensibilidade* 50%
Especificidade** 21%
Gray  M  et al; 2000
*Proporção de doentes com a doença em que o exame é positivo
** Proporção de doentes sem a doença que são negativos no exame

N.I.C.E.  - Evidence research
The effectiveness of toluidine blue dye as an adjunct to oral cancer screening in general dental practice
Gray M, Gold L, Burls A, Elley K
June 2004
Results of the review
Fifteen studies were included in the review; the number of participants was not specified in all studies. Fourteen published case series assessed the use of toluidine blue dye in secondary care (2,937 lesions). One unpublished prospective cohort study assessed the acceptability of toluidine blue dye for people in primary care (140 participants).
The authors found no evidence that toluidine blue dye is an effective or cost-effective strategy for identifying oral cancer in primary care. In secondary care, the reported sensitivity ranged from 40 to 100% and the reported specificity ranged from 31 to 91%. For every person cured using toluidine blue dye as an adjunct to clinical examination, 45% people would receive a false-positive result. The authors suggested that this is likely to generate substantial anxiety.
Cost information 
The authors estimated that it would cost £2,080,000 to screen 100,000 people with toluidine blue dye. If 5-year survival is used as a proxy measure of cure, the cost would be £2,872,333 per person cured. The authors noted that this may be an underestimate and that it does not consider the costs of treatment.
Authors' conclusions
There is little evidence that toluidine blue dye is a cost-effective method for identifying oral cancer in primary dental care.

B.   FLUORESCENCIA TECIDULAR SIMPLES

Utilizada para observação da região cervical uterina
“Adaptação à cavidade oral”
Bochecho com solução de ácido acético a 1%, durante um minuto.
Observação com luz fluorescente azul.

EFICÁCIA
Sensibilidade* 50%
Especificidade** 21%
Gray M  et al; 2000
*Proporção de doentes com a doença em que o exame é positivo
** Proporção de doentes sem a doença que são negativos no exame

J Oral Maxillofac Surg.2007 Mar;65(3):424-6.
Efficacy of the ViziLite system in the identification of oral lesions.Oh ESLaskin DM.
The present study was done to investigate the efficacy of the individual components of the ViziLite system in providing improved visualization of early oral mucosal lesions.
A total of 100 patients, 39 males and 61 females,
CONCLUSION: 
Although the acid rinse accentuated some lesions, the overall detection rate was not significantly improved. The chemiluminescent light produced reflections that made visualization more difficult and thus was not beneficial.
The usefulness of acetic acid wash and chemiluminescent illumination (ViziLite™) in the visualization of oral mucosal white lesions

Farah C.;J Oral Pathol Med 01/2011; 35.
……. ViziLite appears to be a useful general visualization tool for examining the oral cavity, but it does not aid in the identification of malignant and potentially malignant lesions of the oral mucosa…. Moreover, it does not discriminate between keratotic, inflammatory, malignant or potentially malignant oral mucosa. Furthermore, there appears to be no additional clinical benefit for the additional cost in undertaking this procedure. 

C.    VELSCOPE

Emissor de elevada intensidade para a luz azul (400-460 nm).
Excitação de fluoróforos intracelulares
Observação através de filtro de banda curta.
Alterações de emissão de radiação com alterações celulares.

EFICÁCIA
Sensibilidade* 80 a 95%
Especificidade** 60 a 70%

Oral Surg Oral Med Oral PatholOral Radiol.2012 Nov;114(5):636-43. doi: 10.1016/j.oooo.2012.07.484.
The role of direct visual fluorescent examination (VELscope) in routine screening for potentially malignant oral mucosal lesions.
Proporção de doentes com a doença em que o exame é positivo
** Proporção de doentes sem a doença que são negativos no exame
20 artigos no Pub Med.
Estudos comparativos : 4

HeadFace Med.
2013 Aug 23;9(1):23.
The detection of oral pre- malignant lesions with an autofluorescence based imaging system (VELscopeTM) -- a single blinded clinical evaluation.HankenHKraatzJSmeetsRHeilandMBlessmannMEichhornWClauditzTSGroebeAKolkARana M.
120 patients were examined with two examination methods. (COE and Velscope)
CONCLUSION: 
The VELscope device is a simple, non-invasive test of the oral mucosa, which can help the experienced clinician to find oral precursor malignant lesions.


D.   ENDOSCOPIA DE CONTACTO

Acta Otolaryngol. 1995 Mar;115(2):314-6.
Contact endoscopy of the vocal cord: normal and pathological patterns.
Utilização da tecnologia da Endoscopia Rígida ou Flexível para o diagnóstico de lesões intraorais

VANTAGENS
Método não invasivo.
Acesso fácil à cavidade oral.
Screening grosseiro.
Guia de biópsia e cirurgia.
Identificação de clusters suspeitos.
Neovascularização.
Follow up (resposta ao tratamento)

DESVANTAGENS
Ainda não totalmente padronizado
Não excluía realização de biópsia


E.   BIÓPSIA

Gold standard do diagnóstico.
Tipos de biópsia:
Brush cytology.
Punch biopsy
Biópsia incisional.
Biópsia excisional.

a.    BRUSH   CYTOLOGY
EFICÁCIA
Sensibilidade* 90A 98%
Especificidade** 92 a 94%
Tex Dent J.2012 May;129(5):471-80.
Adjunctive diagnostic aids in oral cancer screening: an update.
      
*Proporção de doentes com a doença em que o exame é positivo
** Proporção de doentes sem a doença que são negativos no exame

Técnica fácil e de eficácia de custo.
Técnica muito importante em múltiplas lesões.
Muito útil em doentes não colaborantes.
Necessário sempre a confirmação com biópsia.

b.    BIÓPSIA INCISIONAL
a.    BIÓPSIA COM PUNCH
b.    BIÓPSIA COM BISTURI

c.     BIÓPSIA EXCISIONAL

PRINCIPAIS CAUSAS DE BIÓPSIA INADEQUADA
Tamanho inadequado.
Profundidade inadequada.
Margens maceradas ou com necrose térmica. 
Marcas de pressão por instrumentos.
Esmagamento da peça de biópsia.
Presença de placa bacteriana ou outros produtos.

13.                CONCLUSÕES
A maioria dos cancros orais têm origem nas células epiteliais da mucosa húmida
O tabaco o álcool e a infeção por papiloma vírus são fatores de risco importantes na orofaringe, mas duvidosos na boca.
Os sintomas mais típicos são dificuldade em mastigar, dor auricular e alterações neurológicas
Estes sintomas podem ser acompanhados por sinais 
A prevenção do cancro oral é sobretudo primária.
A prevenção secundária passa pelo diagnóstico precoce.
A evolução do cancro oral é rápida. 
A biópsia é o padrão para o diagnóstico, mas deve ser efectuada por profissionais experientes e em rede de diagnóstico e terapêutica.
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DENTES INCLUSOS - TERCEIROS MOLARES ( TEXTO DE APOIO)

( texto de apoio aos alunos do XIX Curso de Cirurgia de Dentes Inclusos  do IUEM ( 2021 - Janeiro>) Francisco Salvado e Silva R. Fialho d...